Reconhecimento internacional abre mercados como Japão e Coreia do Sul, mas manejo sanitário estratégico segue essencial para manter saúde do rebanho e competitividade da carne bovina
O pecuarista brasileiro está prestes a conquistar uma das certificações sanitárias mais aguardadas da história recente da agropecuária nacional. Ainda neste mês, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deve conceder ao Brasil o status de país livre de febre aftosa sem vacinação, coroando anos de investimentos públicos e privados em vigilância e controle sanitário. Veja o vídeo:
Com o novo certificado, mercados exigentes como Japão e Coreia do Sul — terceiro e quarto maiores importadores mundiais de carne bovina — poderão abrir suas portas para o produto brasileiro, agregando valor e ampliando oportunidades comerciais. A chancela também fortalece a confiança dos parceiros já consolidados, que verão no Brasil uma referência em sanidade animal.
Do avanço sanitário à responsabilidade contínua
Se há muito o que comemorar, também há motivos para atenção redobrada. Com o fim da obrigatoriedade da vacinação contra a aftosa, especialistas já observam um comportamento preocupante: alguns produtores estariam relaxando no controle de outras enfermidades, inclusive zoonoses graves como raiva, brucelose e tuberculose.

A zootecnista Janaina Giordani, gerente de produto da linha de antiparasitários da Zoetis, alerta:
“Se nós não cuidarmos do manejo e do controle sanitário de forma estratégica, podemos regredir. O status sanitário se conquista com vigilância constante.”
Manejo sanitário estratégico é o novo diferencial
Durante entrevista ao Giro do Boi, Janaina destacou que o manejo sanitário vai muito além da vacina da aftosa. Para animais recém-comprados, por exemplo, a vermifugação é obrigatória, mesmo com informações sobre a origem. Já no caso do confinamento, o ideal é adotar uma abordagem integrada que envolva controle de verminoses e vacinação contra doenças respiratórias, que podem comprometer severamente o desempenho dos animais.
“Os animais adultos até têm mais resistência às verminoses, mas ainda assim precisamos manter a atenção”, reforça.
E o mais surpreendente: com cerca de R$ 3 por cabeça ao mês, já é possível implantar um programa básico de sanidade animal, com impacto direto sobre o ganho de peso e o retorno financeiro por arroba produzida.
A própria especialista explica:
“A sanidade representa 2% do custo total, por cabeça/mês. Se a gente considerar um gasto de R$ 150, a maior parte vai para nutrição e R$ 3 vão para sanidade. Gera a preocupação: estou desembolsando muito. Mas a conta tem que ser anual e pelo número de cabeças.”
Gripe aviária serve de alerta
O caso recente da gripe aviária no Brasil — que afetou exportações de carne de frango — serve como exemplo claro de como doenças podem gerar impactos econômicos imediatos. A pecuária bovina, ao conquistar status sanitário superior, também assume o compromisso de manter esse patamar, com ações técnicas contínuas e responsáveis.
O que o produtor pode (e deve) fazer agora?
- Adotar protocolos sanitários com apoio técnico;
- Manter a vermifugação em dia, especialmente após compra de animais;
- Investir em vacinação preventiva, principalmente contra doenças respiratórias;
- Monitorar a saúde do rebanho de forma contínua;
Buscar assistência técnica especializada para decisões mais assertivas.